Imposição

Muitas vezes obrigamos as crianças a terem certos tipos de comportamentos perante as outras pessoas, conhecidos ou desconhecidos, porque julgamos que seja o certo a fazer. Não venho aqui fazer críticas aos pais ou responsáveis, muito menos diminuí-los com técnicas lindas e “milagrosas” de IMPOSIÇÃO. Atualmente, vivemos a Era da Imposição na Internet, somos constantemente, diariamente expostos a todo tipo de informação que muitas vezes nem conseguimos processar. Acredito que TUDO, absolutamente TUDO deve ser ensinado com amor, por isso pretendo com amor SUGERIR melhorias ao invés de impor: “Façam isso”, “Não façam aquilo”, “Não levem seus filhos a tal lugar”, “Não deixem seus filhos comer aquilo”, “Não isso”, “Não aquilo”. Muitos pais olham para esses profissionais e pensam: “Ta, mas vai tentar fazer com meu filho” ou “Você não têm filhos pra saber.” Não me agrada nem um pouco ler textos sobre psicologia infantil no qual algum autor critica, critica e critica pais e responsáveis, ou professores e escola e apenas apresenta fórmulas mágicas sem entender os contextos no qual são produzidos ou sem ao menos se colocar na pele tanto da criança quanto dos que cuidam dela. Somente vocês pais e responsáveis podem juntos com a criança e também apoiados com auxilio de um profissional competente descobrir o que funciona melhor na realidade viva de vocês. Acredito que minha experiência e estudos me permitem trazer aqui algumas SUGESTÕES E CONTRIBUIÇÕES para nossa própria atuação perante os pequenos, mas alerto também, que tudo é PRÁTICA e que não é fácil nos desvencilharmos de conceitos em nós arraigados. Uma vez li um texto sobre o quanto pode ser prejudicial a longo prazo obrigarmos as crianças a darem beijos e abraços em pessoas nas quais elas não demonstraram isso espontaneamente. Sei que às vezes pensamos: “Mas isso é uma questão de educação, como vou ensinar meu filho a ser educado, se não mandá-lo beijar fulana?” Simples, sugiro que com o seu próprio exemplo. Quando você chegar a um lugar novo e cumprimentar as pessoas; quando você sair de um lugar e der tchau as pessoas; quando você for com seu filho (a) a um aniversário e desejar felicidades ao aniversariante e abraçá-lo. Quando alguém lhe fizer algo você agradecer... 
Seu filho (a) está gravando tudo isso no inconsciente dele e aprende muito mais com seus exemplos do que com suas palavras. Quando obrigamos a criança a beijar e abraçar alguém, estudos recentes tem demonstrado que isso pode tirar da criança a noção de “seu corpo, suas regras” e com isso confundi-la sobre o que é consentimento.  
Outra duvida constante, é com relação à agressividade das crianças com outras crianças, principalmente na escola. Quando as crianças praticam atos agressivos (como morder, empurrar, chutar etc.) o ideal é não obrigar a criança a pedir desculpas na hora, quando a criança está de cabeça quente e zangada. Tudo porque, se ela fez o que fez é justamente porque algo ou algum colega o irritou e ela ainda não possui recursos emocionais suficientes para reconhecer suas emoções e controlar seus nervos. Ou seja, administrar a situação de uma forma mais "inteligente". Está ai a importância do que sempre digo, inteligência emocional é tudo! Precisamos trabalhar isso com as crianças, com as famílias, nas escolas, em casa, na clínica... Somos nós adultos que temos a obrigação de ensiná-los. Voltando ao exemplo da agressividade, ao obrigar a criança a pedir desculpas no exato momento do ocorrido, banalizamos o ato de pedir desculpas e com isso podemos passar a criança a ideia de: Chutei – “Ah tá, desculpa ai.” Bati – “Ah tá, nem senti nada." E assim as desculpas perdem seu real sentido. Tornam-se apenas formas de se esquivar da bronca ou da culpa e se livrar logo da situação.  
Vocês devem estar se perguntando: "Mas então, o que eu faço para ensinar a meu filho (a) que ele (a) agiu mal?" Sugiro que espere a criança se acalmar sozinha, depois chame-a para conversar em um local tranquilo. Você irá conduzir a conversa e ajudar a criança nesse momento de reflexão. Crianças não sabem refletir sozinhas (esse é um dos motivos pelo qual você põe seu filho (a) de castigo ele (a) dorme, ou começa a brincar e imaginar coisas...). Você irá fazer as ligações sinápticas responsáveis pelo acontecimento. Ligar para a criança o que ela fez e qual ou quais foram as consequências disso. Esteja atento também para ouvir a criança, ajudá-la a identificar os sentimentos presentes, se perceber dificuldade nomeie a emoção para ela, mostre que entende como ela se sentiu e por fim, mostre como ela pode conduzir esse tipo de situação novamente de uma melhor forma.
  
Thays Sousa da Silva, 
Psicóloga Clínica 
CRP 06/136006 
(13) 99129-3136

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