Qual o limite da informação?
As vezes me pego pensando: "preciso dar um tempo das redes sociais", "vou excluir minha conta", “preciso evitar notícias ruins.” E as vezes também penso: “preciso me informar, não posso ser alienada", "não posso sumir totalmente".
Esse dilema acredito que seja vivido por todos nós nesse novo século. Vivemos na era da internet, da informação na palma da mão. Mas o quanto isso é danoso ao nosso bem estar mental?
Somos bombardeados diariamente, a cada segundo de informações, conteúdos, acontecimentos em cada canto do mundo. O que antes só saberíamos através de cartas, ou do jornal expresso, ou mesmo através de vizinhos, hoje sabemos em segundos. Não é que seja ruim, isso é bem moderno. Mas também é meio assustador as vezes. Um homem negro foi morto em uma rede de supermercado (racista), em segundos o vídeo está nas nossas telas. O mais chocante é que agora somos telespectadores de assassinatos. Os famosos filmes de terror, com sangue e mortes violentas, hoje não são mais ficção, são realidade. E essa linha tênue que separa o real do fictício está se mesclando. Tem pessoas que já nem se comovem porque parece tão semelhante aos filmes que elas assistem, que a vida daquele ser humano é como se fosse só mais um ator fingindo a morte.
Esses dias em um atendimento no consultório estava explicando para uma mãe que seus filhos estão perdendo a noção da realidade, na verdade estão confundindo real com imaginário e precisamos traçar estratégias para situá-los no mundo. Os vídeo-games são um grande tabu nesse assunto também. Há os que defendem e os que condenam. Eu não parto muito para extremismos nesse sentido, mas gosto de chamar atenção para a reflexão, afinal a neurociência tem trazido contribuições significativas que não podemos deixar de mencionar. A massante exposição às telas e aos jogos fazem com que crianças que ainda não desenvolveram habilidades emocionais e recursos mentais maturados para lidar com certas realidades, se confunde com a vida dos jogos. Caiu, morreu, voltou. Na vida real se você cair do décimo andar você não tem outra vida.
Algumas pessoas vão dizer: “ah mas eu jogo jogos violentos e não sou violento.” Será mesmo? Em alguma extensão da sua vida isso se manifesta com certeza, mesmo que você não perceba. O fato é que crianças ainda não tem o lobo frontal completamente desenvolvido. E pra quem não sabe o lobo frontal é o grande responsável pelas funções executivas, pela atenção, concentração, julgamento moral, tomada de decisão, pensamento abstrato entre outros.
O que quero dizer com tudo isso? É difícil saber quando o excesso de informações está nos fazendo mal. Quando o bombardeio está deixando nossas mentes confusas e agitadas. E só vamos poder administrar melhor as informações e conteúdos que consumimos na medida que vamos adquirindo o autoconhecimento. Para fazermos a administração consciente daquilo que precisamos saber e os limites disso. Eu confesso a vocês tenho me sentido muito impactada com todos os acontecimentos em especial desse ano. Tenho chorado muito, me revoltado muito e tenho que constantemente reavaliar tudo o que estou sentindo e como vou lidar com esses sentimentos provocados em mim. A sorte é que tenho uma psicóloga pra me ajudar nesse processo também.
Se tem algo que eu mais gosto de fazer é atender meus pacientes. Meu coração se enche de alegria, principalmente quando os pacientes voltam a cada sessão e dizem: “pensei muito no que você me disse”, “naquilo que conversamos”, “na hora só lembrei de você falando...”, sinto que estou no caminho certo. É uma honra pra mim fazer parte da vida daqueles que confiam suas almas a mim com confiança.
Vamos juntos! Que desafiante tem sido esse não não é mesmo?!
Respira! Digo isso vocês e a mim mesma.
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