As relações do saudosismo negativo com a ansiedade e a depressão
Muito se ouve: “No meu tempo...”,
“Ah que saudade daquela época...”, “Antigamente sim eu era feliz...”, “Isso não
é do meu tempo...”, “Não gosto de modernidade”.
Todas essas frases trazem consigo
uma definição: Saudosismo. E quando esse saudosismo se torna negativo? Quando
nos impede de viver o presente em sua totalidade; quando nos faz achar que não
podemos ser mais felizes como fomos um dia no passado. Quando me pego pensando
assim, procuro logo me lembrar da música de Lulu Santos onde ele canta o
seguinte trecho:
“Nada do que foi será,
De novo do jeito que
já foi um dia...
Tudo passa,
Tudo sempre
passará...”
A vida é uma jornada sem volta.
Não existe chave que a rode para trás, somente segue o seu próprio curso que é
o da frente. Siga em frente, como dizia Dory (de Procurando Nemo).
Esse saudosismo negativo também
nos impede de aprender, porque nos coloca numa posição de soberba e soberania.
E nos esquecemos que se estamos vivos, tudo o que vemos hoje é do nosso tempo
sim! Eu estou aqui, você está aqui, então é NOSSO TEMPO.
Devemos olhar para traz somente
com a intenção de nos corrigir e melhorar. Guardar do lado esquerdo do peito
todas as boas lembranças e das ruins tirar o máximo de proveito possível.
A depressão vem quando o
saudosismo nos faz pensar que não é mais tempo de ser feliz, que não há
felicidade no AGORA, que feliz eu era lá no passado e que por tanto, nada do
que eu faça ou os outros façam me fará sentir como me sentia antes. E na
realidade, não vai mesmo. Ficamos presos naquelas sensações conhecidas, na
nossa zona de conforto. Mas se nos abrirmos para o novo, aprendemos a viver o
presente e agarrar tudo o que ele nos proporciona. Veremos que nunca saímos os
mesmos diante de cada experiência que passamos e por isso cada coisa é sentida
de uma maneira e todos os dias estamos descobrindo novas maneiras de sentir e
de viver.
A ansiedade é um transtorno assim
como a depressão, mas que nos faz pensar e temer o futuro. O futuro é algo do
qual não conhecemos e como tudo o que é desconhecido nos causa medo e nos tira
de nossa zona de conforto; tendemos a evitar. Quando esse pensamento toma maior
parte dos nossos pensamentos é a ansiedade batendo a porta. Ela também está
muito ligada ao saudosismo, pois de uma forma indireta, nos faz achar que só
seremos felizes de verdade depois de algo; além das montanhas, sempre além...
Reparou?
Colocamos a felicidade ou no
passado ou no futuro, além das montanhas; mas nunca no agora. Esquecemos que a
felicidade mesmo é o percurso. Que ninguém é feliz o tempo todo, mas que a
diferença está na resiliência construída a partir das nossas experiências. O
fato em si não muda, o que muda é a minha forma de interpretação dele e consequentemente
a forma como reajo à ele.
Thays Sousa da Silva,
Psicóloga Clínica
CRP 06/136006
(13) 99129-3136
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