O Processo de avaliação infantil


Avaliar uma criança é um trabalho extremamente delicado e que traz uma enorme responsabilidade ao profissional que executa essa tarefa. Uma criança ainda tem um longo caminho a percorrer como ser humano. Quando pensamos nos prejuízos que um diagnóstico incorreto para trazer ao desenvolvimento dessa criança e também para sua família, a responsabilidade é ainda maior.

Essa situação se torna ainda mais complexa quando lidamos com crianças com suspeita de Transtorno do Espectro Autista (TEA). O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento, com sintomatologia presente e detectável desde os primeiros anos de vida. Esses mesmos sintomas, característicos do TEA podem estar presentes em outros quadros clínicos, o que mostra a dificuldade de estabelecimento de um diagnóstico preciso e precoce.

Quando esperamos demais, perdemos janelas de oportunidade. Quando nos precipitamos, corremos o risco de falhar e conduzir todos ao erro. Não dá pra ter dúvidas de que a responsabilidade é enorme.

Por isso, o essencial é: independente de um diagnóstico, percebeu atrasos, estimule!

É claro que um diagnóstico é reconfortante muitas das vezes e dita um caminho, traz luz (e muitas vezes sofrimento também), mas é um norte terapêutico. Porém não podemos ficar presos esperando por ele.

E outro conselho, procure sempre profissionais de confiança, qualificados e que possam sanar suas dúvidas! E mesmo assim, não é garantia de que o erro não possa estar presente.

Investimos muito em cursos, supervisões, testes, aprimoramento... Nosso trabalho também precisa ser valorizado.

Outro ponto que gostaria de levantar, é a importância de valorizarmos a ciência e a educação brasileira. Não adianta termos os melhores protocolos, considerados padrões-ouro mundialmente, se não temos infraestrutura e interesse em padronizações brasileiras, adaptadas a nossa realidade. Precisamos de estudos desenvolvidos aqui, pros nossos pacientes, pra nossa população. Os estudos de fidedignidade de um teste estrangeiro, por exemplo, envolve adequação dos direitos autorais. O Brasil precisa se equipar para ter bons instrumentos para avaliar a sua população.

Dúvidas?

Thays Sousa da Silva

Psicóloga e Neuropsicóloga

CRP 06/136006


Fonte: Sistema PROTEA-R de avaliação da suspeita de Transtorno do Espectro Autista / Cleonice Alves Bosa, Jerusa Fumagalli de salles, 1a ed. São Paulo: Vetor, 2018.

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